sexta-feira, 7 de setembro de 2012

"a ver, a ver"

uma vizinha ofereceu-me a crédito um gato careca
e logo a mim que nem um cabelo tenho com que me acredite.
pensei em passar-lhe um cheque,
pagá-lo às meias fatias de bolo,
ou servi-lo junto com um café
mas falta-me o capital
e um banco que macredite
e um bar que ainda não tenho
nem amigos na asae.
pensei em dividi-lo em duas metades
e oferecê-lo a um amigo que me atura
mas no fundo tudo o que tenho
é uma moeda na bolsa.
não tenho títulos
nem propriamente propriedades
mas com as que me restam avancei
disse-me
"oh tu que és um santo nas acções porque não puxas da tua capacidade expeculativa e
inventas aí uma rima com dinheiro"

tamos todos com uma careca no bolso
e eu desde que penso que penso
devia era ter ficado por aí a meditar
enquanto deambulasse ou servisse um café nesse bar cuja própria voz silenciou.

pois bem eu mesmo acredito justamente que não será o dinheiro que vai pagar a dívida pública nem tapar o buraco de ozono nem cobrir todas essas coisas que por aí se derretem por aí destapadas. não. a mim ofereceram-me um gato careca. do tamanho cuja medida certa tapou o buraco em que coube entalando o próprio elevador. morreu nesse instante.

ofereceram-me a crédito. e eu acreditei neles...

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