sexta-feira, 7 de setembro de 2012

um dia me fizeram um dia de cada vez
e me serviram um dia e outro e um dia ela me fez
aquele seu jeito subtil de me servir "és tu aquele?"
que melhor lhe servia o desejo de ser mulher de ser pessoa e gente e uma e outra vez...

depois de me ter calado
e terem calado bem caladinho,
vê lá se tás mas é quietinho,
de noite fiz um dia
e um dia falei mais alto
que a voz da minha pessoa
disseram-me então schiu
que de pessoas sem jeito
anda o operário contrafeito
e a voz a ensaiar-se ao seu jeito.

disse-lhe então que se passa não sabes que também não sou gente
sem te ter do meu lado, sem te ter frente a frente?
nem gente por aqui eu sou
que já fui gente de andar ao vosso lado
mas ela estranhou
e ela passou
e passou à acção
e passou ao outro lado
do lado de quem diz cansa-me o fado
agora serve-me um gelado,
não foi assim que me disseste é esse "o teu melhor pecado"?
ele tremendo-se no frio e muita bem calado
e é pá, bem bem alheado do bem que se estava do outro lado.

calou-se esperou que a noite,
a noite chegar
procurando-a
levado no amarelo rasgado
do cavalo do seu irmão tigrado.
perdido seguindo atrás do teu encalço desejado.
ela disse-me depois no dia que começou
vê lá se te calas ou se falas por fim
que aqui há pipocas e companhia mais que uma sem fim.

em todo o lado se sentiu
a terra tremeu
rindo sem fim
ou temendo sabe-se lá ainda se por mim

e ele que em si fugiu
sentou-se lado a lado,
frente a frente,
com quem o tinha chateado
com quem o tinha maltratado,
e nada lhes disse que não tivesse já desejado.
e adormeceu que estava demasiado canado
que toda a noite havia já um vão procurado,
e música não havia nenhuma ensinado.

Sem comentários:

Enviar um comentário